sexta-feira, 16 de maio de 2014

O EXISTENCIALISMO E A LIBERDADE HUMANA


O Existencialismo

“O importante não é o que fazem do homem, mas o que ele faz do que fizeram dele”.

      O filósofo que mais se preocupou em discutir temas relacionados com a liberdade, para o exercício da ética, foi o francês Jean-Paul Sartre (1905 - 1980).
Jean-Paul Sartre tornou-se o filósofo mais conhecido da corrente filosófica existencialista. A filosofia existencialista concentra-se sobre o nosso estar no mundo e sua principal preocupação diz respeito às condições que criamos para nossa existência e não às condições criadas pela Natureza. Conforme Sartre, nós existimos no mundo e depois definimos o que queremos ser. “O homem tem a liberdade de fazer-se”. Isto é, podemos construir a nossa existência conforme as escolhas que fazemos.

A Liberdade

Sartre deu atenção especial ao tema da liberdade e da angústia que se sente pela insegurança, ao ver-se, constantemente diante de situações que exigem que façamos escolhas.  E essas escolhas precisam ser éticas, pois vivemos com outras pessoas.

Sartre defendeu que a angústia surge no exato momento em que o homem percebe a sua condenação irrevogável (que não se pode negar) à liberdade, isto é, o homem está condenado a ser livre, já que sempre haverá uma opção de escolha. O ser humano não pode viver sem fazer escolhas, essa é sua "condenação".

Mesmo diante de A, pode optar por escolher não-A. Quer dizer, mesmo diante de uma coisa (A), pode escolher o contrário (não-A). Ao perceber tal condenação, ele se sente angustiado em saber que decide sobre o seu destino. O próprio destino depende das escolhas que cada um faz para sua vida.


A existência precede a essência

O argumento de que a essência precede (vem antes) a existência implica a necessidade de um criador; assim, quando um objeto vai ser produzido (um martelo, uma caneta, uma máquina), ele obedece a um plano pré-concebido, que estabelece sua forma, suas principais características e sua função, ou seja, ele possui um propósito definido, uma essência que define sua forma e utilidade, e precede a sua existência. Sendo Sartre um representante do existencialismo ateu (que não considera a existência de um deus), ele defende que há um ser onde essa situação se inverte, e a existência precede a essência: o ser humano. Assim, seria o próprio homem o definidor de sua essência, e não Deus, como falava o existencialismo cristão.Isso significa que, para ele, o ser humano é um nada quando nasce, isto é, quando passa a existir. Só depois, à medida que vai existindo e se definindo é que passa a ser (ser algo). No início há apenas esse nada, que confere ao ser humano a liberdade de escolha e a grande responsabilidade de construir a si mesmo dentro das condições encontradas desde seu nascimento. 

        Em sua conferência "O existencialismo é um humanismo", Sartre afirma que o ser humano é o único nesta condição; nós existimos antes que nossa essência seja definida. Esse seria um dos preceitos básicos do Existencialismo. Assim, o autor nega a existência de uma suposta "essência humana" (pré-concebida), seja ela boa ou ruim. As nossas escolhas cabem somente a nós mesmos, não havendo, assim, fator externo que justifique nossas ações. O responsável final pelas ações do homem é o próprio homem.

Liberdade e Responsabilidade
             
             Nesse sentido, o existencialismo sartriano concede importante destaque à responsabilidade: cada escolha carrega consigo a obrigação de responder pelos próprios atos, um encargo que torna o homem o único responsável pelas consequências de suas decisões. E cada uma dessas escolhas provoca mudanças que não podem ser desfeitas, de forma a modelar o mundo de acordo com seu projeto pessoal. Daí a importância de usar bem a liberdade para agir de maneira ética nas relações sociais.

        Assim, perante suas escolhas, o homem não apenas torna-se responsável por si, mas também por toda a humanidade. Essa responsabilidade é a causa da angústia dos existencialistas. Essa angústia decorre da consciência do homem de que são as suas escolhas que definirão a sua essência, e mais, de que essas escolhas podem afetar, de forma irreversível, o próprio mundo. A angústia, portanto, vem da própria consciência da liberdade e da responsabilidade em usá-la de forma adequada (Ética).


Reflita e Responda:
1.       Explique a afirmação: “O importante não é o que fazem do homem, mas o que ele faz do que fizeram dele”. O que na frase se refere ao determinismo e o que se refere à liberdade?
2.       O que significa dizer “O homem tem a liberdade de fazer-se”?
3.       No caso do ser humano, “a existência precede a essência”. Conforme o texto, o que isso quer dizer?
4.       Explique a relação entre “angústia” e a “condenação à liberdade” pensada por Sartre.


Referência Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. 4ªed. São Paulo: Saraiva, 2016.
FILHO, Clóvis de Barros; POMPEU, Júlio. A Filosofia Explica as Grandes Questões da Humanidade. Editora Leya. Rio de Janeiro. 2013.
GALO, Sílvio. Ética e Cidadania: Caminhos da Filosofia. 18ªed. Campinas, SP: Papirus, 2010.

Um comentário:

  1. Respondendo a questão 02
    É que podemos construir a nossa existência conforme as escolhas que fazemos.

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