Falar de ética é tratar essencialmente da reflexão que se faz toda vez que é preciso
identificar a melhor maneira de viver e de conviver. Ao primeiro olhar, ética
talvez tenha a ver com vida boa, com felicidade. Ética tem a ver com
convivência.
Os seres
humanos agem conscientemente, e cada um de nós é senhor de sua própria vida. Mas
como resolvemos o que fazer? Você em algum momento já pensou em como você toma
as decisões sobre o que fazer em determinada situação? Você age impulsivamente,
fazendo “o que der na telha” ou analisa cuidadosamente as possibilidades e as consequências,
para depois resolver o que fazer?
A Filosofia
pode nos ajudar a pensar sobre nossa própria vida. Chama-se Ética a parte da Filosofia que se dedica
a pensar as ações humanas e os seus fundamentos. Um dos primeiros filósofos a
pensar a Ética foi Aristóteles (384-322 a.C.), que viveu na Grécia no século IV a.C. Esse
filósofo ensinava numa escola a qual deu o nome de Liceu, e muitas de suas
obras são resultado das anotações que os alunos faziam de suas aulas. As explicações
sobre a ética foram anotadas pelo filho de Aristóteles chamado Nicômaco, e por
isso, esse livro é conhecido por nós com o título de Ética a Nicômaco.
Aristóteles
procurou construir uma ética mais realista, mais próxima do indivíduo concreto.
Para tanto, perguntou-se sobre o fim
último do ser humano. Para o que tendemos? E respondeu: para a felicidade.
E o que
entende Aristóteles por felicidade? Para o filósofo, a felicidade não se
confunde com o simples prazer, o prazer das sensações ou o prazer proporcionado
pela riqueza e pelo conforto material. A felicidade última e maior se
encontraria na vida teórica, que promove o que há de mais essencialmente
humano: a razão.
O indivíduo
que se desenvolve no plano teórico, pode compreender a essência da felicidade
e, de forma consciente, guiar sua conduta. Mas isso, no contexto histórico da
Grécia antiga, seria privilégio de uma minoria. Segundo o filósofo, a pessoa
comum, aquele que não pode se dedicar à atividade teórica, aprenderia a agir
corretamente pelo hábito, isto é,
por meio da prática constante e repetida das ações.
Assim, agir
corretamente seria praticar as virtudes.
E o que seria a virtude? Em sua obra Ética
a Nicômaco, Aristóteles explica:
A excelência moral, então, é uma disposição da alma
relacionada com a escolha de ações e emoções, disposição esta consistente num
meio termo determinado pela razão. Trata-se de um estado intermediário, porque
nas várias formas de deficiência moral a falta ou o excesso do que é
conveniente tanto nas emoções quanto nas ações, enquanto a excelência moral
encontra e refere o meio termo.
A coragem, por exemplo, seria uma virtude
situada entre a covardia (a
deficiência) e a temeridade (o
excesso). Assim, o filósofo propôs uma ética
do meio termo, na qual a virtude consistiria em procurar o ponto de
equilíbrio entre o excesso e a deficiência.
Também é
importante notar que tanto em Platão como em Aristóteles, a ética estava
vinculada à vida política. Aristóteles
refere-se mesmo à política como um meio da ética, pois, sendo o ser humano, por
natureza, um ser sociopolítico, necessitaria da vida em comum para alcançar a
felicidade como plenitude de seu bem-estar.
Reflita e Responda:
1. Aristóteles explicava a virtude
como um meio termo entre dois vícios. Com base nessa afirmação, explique a
ética aristotélica.
2. Conforme,
Aristóteles, é pela razão que se atinge a sabedoria capaz de desenvolver a
ética do equilíbrio. Considere quem não tem acesso ao conhecimento filosófico
racional, como poderiam tais pessoas agir corretamente?
Referência Bibliográfica:
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna.
Fundamentos de Filosofia. 4ªed. São Paulo:
Saraiva, 2016.
FILHO, Clóvis de Barros; POMPEU,
Júlio. A Filosofia Explica as Grandes
Questões da Humanidade. Editora Leya. Rio de Janeiro. 2013.
GALO, Sílvio. Ética e Cidadania: Caminhos da Filosofia. 18ªed. Campinas, SP: Papirus,
2010.
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