terça-feira, 24 de março de 2020

Aristóteles – A Ética do Equilíbrio



Falar de ética é tratar essencialmente da reflexão que se faz toda vez que é preciso identificar a melhor maneira de viver e de conviver. Ao primeiro olhar, ética talvez tenha a ver com vida boa, com felicidade. Ética tem a ver com convivência.

Os seres humanos agem conscientemente, e cada um de nós é senhor de sua própria vida. Mas como resolvemos o que fazer? Você em algum momento já pensou em como você toma as decisões sobre o que fazer em determinada situação? Você age impulsivamente, fazendo “o que der na telha” ou analisa cuidadosamente as possibilidades e as consequências, para depois resolver o que fazer?

A Filosofia pode nos ajudar a pensar sobre nossa própria vida. Chama-se Ética a parte da Filosofia que se dedica a pensar as ações humanas e os seus fundamentos. Um dos primeiros filósofos a pensar a Ética foi Aristóteles (384-322 a.C.), que viveu na Grécia no século IV a.C. Esse filósofo ensinava numa escola a qual deu o nome de Liceu, e muitas de suas obras são resultado das anotações que os alunos faziam de suas aulas. As explicações sobre a ética foram anotadas pelo filho de Aristóteles chamado Nicômaco, e por isso, esse livro é conhecido por nós com o título de Ética a Nicômaco.

Aristóteles procurou construir uma ética mais realista, mais próxima do indivíduo concreto. Para tanto, perguntou-se sobre o fim último do ser humano. Para o que tendemos? E respondeu: para a felicidade.

E o que entende Aristóteles por felicidade? Para o filósofo, a felicidade não se confunde com o simples prazer, o prazer das sensações ou o prazer proporcionado pela riqueza e pelo conforto material. A felicidade última e maior se encontraria na vida teórica, que promove o que há de mais essencialmente humano: a razão.


O indivíduo que se desenvolve no plano teórico, pode compreender a essência da felicidade e, de forma consciente, guiar sua conduta. Mas isso, no contexto histórico da Grécia antiga, seria privilégio de uma minoria. Segundo o filósofo, a pessoa comum, aquele que não pode se dedicar à atividade teórica, aprenderia a agir corretamente pelo hábito, isto é, por meio da prática constante e repetida das ações.

Assim, agir corretamente seria praticar as virtudes. E o que seria a virtude? Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles explica:

A excelência moral, então, é uma disposição da alma relacionada com a escolha de ações e emoções, disposição esta consistente num meio termo determinado pela razão. Trata-se de um estado intermediário, porque nas várias formas de deficiência moral a falta ou o excesso do que é conveniente tanto nas emoções quanto nas ações, enquanto a excelência moral encontra e refere o meio termo.

A coragem, por exemplo, seria uma virtude situada entre a covardia (a deficiência) e a temeridade (o excesso). Assim, o filósofo propôs uma ética do meio termo, na qual a virtude consistiria em procurar o ponto de equilíbrio entre o excesso e a deficiência.

Também é importante notar que tanto em Platão como em Aristóteles, a ética estava vinculada à vida política. Aristóteles refere-se mesmo à política como um meio da ética, pois, sendo o ser humano, por natureza, um ser sociopolítico, necessitaria da vida em comum para alcançar a felicidade como plenitude de seu bem-estar.

Reflita e Responda:

1. Aristóteles explicava a virtude como um meio termo entre dois vícios. Com base nessa afirmação, explique a ética aristotélica.

2. Conforme, Aristóteles, é pela razão que se atinge a sabedoria capaz de desenvolver a ética do equilíbrio. Considere quem não tem acesso ao conhecimento filosófico racional, como poderiam tais pessoas agir corretamente?


Referência Bibliográfica:
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. 4ªed. São Paulo: Saraiva, 2016.
FILHO, Clóvis de Barros; POMPEU, Júlio. A Filosofia Explica as Grandes Questões da Humanidade. Editora Leya. Rio de Janeiro. 2013.
GALO, Sílvio. Ética e Cidadania: Caminhos da Filosofia. 18ªed. Campinas, SP: Papirus, 2010.

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