Contexto Histórico
No século V
a.C., Atenas vivia o auge de um regime de governo no qual os homens livres
decidiam os interesses comuns a todos os cidadãos. Em outras palavras, eles
determinavam em discussões públicas como a cidade deveria ser administrada. Eram considerados cidadãos os homens livres com alguma propriedade e que não fossem estrangeiros. Esse regime de governo era a democracia ateniense que, embora não
garantisse os mesmos direitos para todas as pessoas, representou uma importante
mudança no modo de ver o mundo, pois tinha como fundamento a ideia de que o
homem tem a soberania sobre o seu destino.
As
propostas que os cidadãos atenienses defendiam publicamente eram feitas por
meio de discursos proferidos na ágora
(praça pública). Para obter a aprovação da maioria, esses discursos deveriam conter
argumentos sólidos e persuasivos, capazes de convencer os demais. Falar bem e
de modo convincente era considerado, portanto, um dom muito valioso.
Por isso,
havia cidadãos que procuravam aperfeiçoar sua habilidade de discursar, a fim de
melhor convencer os demais. A necessidade de se expressar bem, juntamente com a
importância que foi dada ao indivíduo, naquele período concebido como o senhor
do seu destino, favoreceu o surgimento de um grupo, chamados sofistas (palavra de origem grega que
quer dizer “grande mestre ou sábio”, algo como “superssábios”), que dominavam a
arte da oratória, isto é, o uso habilidoso da palavra. Esses "filósofos" eram
originários de diferentes cidades e viajavam pelas pólis (cidades-Estado) governadas da mesma forma democrática,
especialmente Atenas, onde discursavam em público e ensinavam sua arte em troca
de pagamento.
Quem foram os sofistas?
Quem foram os sofistas?
Os sofistas, entretanto, não foram somente
professores, mas também estabeleceram uma corrente de pensamento própria. Sua preocupação
filosófica se voltava para o homem e a vida em sociedade; as questões que
ocupavam os pré-socráticos, dirigidas para a natureza e a essência do universo,
foram colocadas em segundo plano.
Alguns pensadores
sofistas foram Górgias (483-373 a.C.), Hípias (século V a.C.) e Protágoras
(485-410 a.C.), a quem se atribuiu uma famosa frase: “O homem é a medida de todas as coisas”. Para os sofistas, tudo
deveria ser avaliado segundo os interesses do homem e de acordo com a forma como
vê a realidade social.
Essas características
dos ensinamentos dos sofistas favoreceram o surgimento de concepções
filosóficas relativistas sobre as
coisas. Para o relativismo não há uma verdade única, absoluta. Assim, a “verdade”,
seria algo relativo ao indivíduo, ao momento histórico, às circunstancias,
podendo mudar frequentemente, conforme o interesse.
Sofistas: heróis ou vilões?
É importante compreender que o termo sofista teve originalmente um significado positivo. Entretanto, com o decorrer do tempo, ganhou o sentido de “enganador” ou “impostor”. Desde então, considerou-se a sofística uma arte de manipular raciocínios, produzir o falso, iludir os ouvintes, sem nenhum amor pela verdade. Os sofistas pareciam não buscar a Aletheia (a verdade); contentavam-se com pseudos (o falso).
É importante compreender que o termo sofista teve originalmente um significado positivo. Entretanto, com o decorrer do tempo, ganhou o sentido de “enganador” ou “impostor”. Desde então, considerou-se a sofística uma arte de manipular raciocínios, produzir o falso, iludir os ouvintes, sem nenhum amor pela verdade. Os sofistas pareciam não buscar a Aletheia (a verdade); contentavam-se com pseudos (o falso).
Por isso
hoje se utiliza a palavra sofisma
para designar um raciocínio aparentemente correto, mas que na realidade é
falso, geralmente formulado com o objetivo de enganar alguém.
PARA REFLETIR, RESPONDER E CONSTRUIR O PENSAMENTO...
1. Caracterize
os sofistas e o que favoreceu seu surgimento.
2. Em contraste
com o período pré-socrático, marcado por reflexões cosmológicas, qual foi a
grande preocupação do período que se inicia com os sofistas?
3. Se todos os
cidadãos buscassem somente os seus interesses individuais, conforme recomendava
a sofística, o que aconteceria na pólis
em termos de sua organização?
4. O que
significaria a vida pública para um homem que estivesse apenas interessado em
seu próprio proveito?
5. Ao longo da
história os sofistas foram considerados heróis ou vilões? Justifique.
6. Quem, hoje,
poderia ser chamado de sofista? Dê sua opinião e cite exemplos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia.
São Paulo: Atual, 2002.
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna.
Fundamentos de Filosofia. 4ªed. São
Paulo: Saraiva, 2016.