segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Freud e a estrutura do mecanismo psíquico

Para Freud, a estrutura psíquica do ser humano tem três instâncias: Id, Superego e Ego.

O ID
Opera de  acordo com o PRINCÍPIO DO PRAZER
       
Procura apenas a satisfação de suas necessidades instintivas, sem levar em conta as circunstâncias da realidade objetiva, como juízos de valor, o bem, o mal e a moral. O ID é amoral, atemporal, egoísta, agressivo e não tem consciência da realidade. Ele apresenta a liberdade máxima de todos os desejos, sem julgamentos. O ID sempre quer alcançar um objetivo, o de que deve se evitar a dor e obter sempre o prazer. Seus conteúdos são inconscientes e socialmente inaceitáveis. Contém também as lembranças traumáticas que causam ansiedade.

O SUPEREGO
Opera de acordo com o PRINCÍPIO DO DEVER

É a força da cultura, da família e da tradição, que exerce grande influência na estrutura e na dinâmica da mente humana. O SUPEREGO de uma criança é construído segundo o modelo do SUPEREGO de seus pais. Os conteúdos que ele contém são os mesmos e torna-se veículo da tradição e dos valores que se transmitiram de geração em geração. Cada um carrega dentro de si a criança que foi. O SUPEREGO produz angústias, ansiedades e castiga o EGO quando este aceita impulsos vindos do ID. Ele é responsável pela sensação de culpa e cobrança que fazemos a nós mesmos. O SUPEREGO é a parte moral da personalidade, e tem como característica o que é ideal e perfeito. Portanto, o SUPEREGO é aquele que controla a estrutura psíquica. É uma força parcialmente consciente e dele nascem os sentimentos de medo e de culpa.
                O SUPEREGO é o "defensor de um impulso rumo à perfeição".

O EGO (eu)
Opera de acordo com o PRINCÍPIO DA REALIDADE


É ligado ao consciente e pré-consciente. Sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, as exigências da realidade e as 'ordens' do superego; Sua principal tarefa é zelar pela autopreservação do ser, por sua saúde e segurança. A vida do EGO é uma grande angústia, pois deve lidar com as exigências do ID, movido pelo princípio do prazer, sem deixar de atender às demandas do SUPEREGO. Do desequilíbrio dessa relação nascem as psicoses e neuroses.  É o EGO quem controla as ações,  adaptando o homem para as circunstâncias e a vida em sociedade. 


O relacionamento entre ID, o EGO e o SUPEREGO

        O SUPEREGO está evidentemente em conflito com o ID. Ao contrário do EGO, o SUPEREGO não tenta apenas adiar a satisfação do ID; ele tenta inibi-la por completo, o que causa um conflito interminável no interior da personalidade humana.
                O EGO está numa posição difícil, sendo pressionado por todos os lados, cabendo a ele:
  1. adiar os anseios incessantes do ID;
  2. perceber e manipular a realidade para aliviar as tensões do instinto do ID;
  3. lidar com o anseio de perfeição do SUPEREGO. 

Freud e a interpretação dos sonhos

O sonho é a manifestação do desejo
Existe ligação entre o mundo onírico e o da vigília?                        

Há várias maneiras de examinar o inconsciente, mas para Freud, os sonhos são o caminho privilegiado. No sonho há um “conteúdo manifesto” (o que recordamos) e um “conteúdo latente” (o sentido do sonho que o indivíduo não sabe reconhecer). Esse conteúdo pode ser descoberto pela decifração do seu simbolismo.
O sonho é a realização de um desejo até então reprimido, que a consciência censura e considera vergonhoso ou inaceitável socialmente. Interpretar os sonhos é o caminho real para o conhecimento do inconsciente.
 A fome, por exemplo, pode induzir sonhos relacionados à alimentação. As crianças, também sonham com aquilo que desejam ardentemente. É evidente, portanto, que o sonho, apesar das aparências, não está isento de lógica nem de ligação com o mundo da vigília.
Porém, o sonho manifesto, recordado de manhã, já sofreu uma censura.
Freud atribuía grande importância aos sonhos, como sendo um meio de revelar o inconsciente, porque ao dormirmos o nosso consciente está desprevenido. As ações em nossos sonhos, interpretadas corretamente, dão uma clara indicação dos desejos reprimidos e ansiedades alojadas em nosso inconsciente. Em conclusão, o sonho é a realização (mascarada) de um desejo (reprimido).
Além dos sonhos, há outros fenômenos como atos falhos e as piadas.
Os atos falhos são pequenos deslizes, como esquecimentos, trocas de nomes ou lapsos de linguagem aparentemente involuntários, mas que podem ser interpretados porque “traem” algum segredo.

A piada consiste em gracejos feitos sem aparente intenção de ofender ou seduzir, mas que revelam forças agressivas ou eróticas reprimidas.

Sigmund Freud e a Psicanálise

                 A Psicanálise
                
A principal característica do trabalho psicanalítico é o de conhecer o inconsciente e integrar (unir, aproximar) o que contém este inconsciente ao consciente.
A Psicanálise se torna instrumento de autoconhecimento com objetivo de devolver o sujeito a si mesmo, superando o aprisionamento das forças inconscientes, que podem retornar na forma de doença (neuroses) ou nos sonhos.

Uma vez que o inconsciente é inacessível, os conflitos só ficam aparentes pelos sintomas que se manifestam no plano consciente.
O sofrimento emocional, dizia Freud, é resultado de um conflito inconsciente, a partir de conteúdos recalcados, reprimidos.
A inovação de Freud está na possibilidade de lidar com os conflitos existentes no inconsciente e tratar distúrbios psicológicos.
“Falar liberta...”
A psicanálise tem como finalidade “levar o paciente a manifestar tudo o que chega a seu pensamento, renunciando a guiar o pensamento intencionalmente”.  É o que Freud chamou de “livre associação”.
Esse tratamento surgiu a partir da observação dos resultados de um método utilizado no qual o paciente falaria sobre seus problemas diários, e isso causava alívio. Era como se fizesse uma limpeza da alma. Freud passou, então, a utilizar esse procedimento com seus pacientes, fazendo com que eles relaxassem num divã e respondessem às suas perguntas.

Essa técnica não exerce pressão sobre o paciente, que não é forçado, mas guiado a deixar caminho livre para as ideias que lhe vem à mente. O analista, por sua vez, precisa desenvolver uma “arte da interpretação” e tudo é registrado, até mesmo as resistências (aquilo que o paciente tem dificuldade de falar).