sábado, 4 de julho de 2020

A FILOSOFIA E OUTRAS FORMAS DE CONHECIMENTO - MITO, CULTURA, RELIGIÃO E CIÊNCIA -

Há diferentes formas de conhecer a realidade. Nós podemos acessá-la por meio da ciência, do mito, da filosofia, da religião e dos produtos da cultura. No extenso panorama do conhecimento, produzido historicamente pela humanidade, a Filosofia visita o centro e todos os cantos e recantos tidos como habitados e conhecidos, para percebê-los ainda carentes de outros “olhares”, de outras perspectivas. Assim, a Filosofia é a experiência do pensamento e, por sua história, é o testemunho de revoluções, contestações e certezas (ainda que provisórias), conhecedora dos valores e das narrativas justificadoras das formas de ser e viver.

A Filosofia
    A Filosofia busca lançar um olhar crítico, reflexivo e questionador, indo ao encontro dos fundamentos, da compreensão, do porquê, das diversas realidades da vida humana, como os mitos, a cultura, a religião e a ciência. É olhar de maneira diferente. A filosofia, em sua origem, é o amor pelo saber. A informação é saber que uma coisa aconteceu; o conhecimento é saber por que essa coisa aconteceu; a sabedoria é saber o que fazer com a informação e o conhecimento. Essa é a tarefa da filosofia: produzir sabedoria.
O ser humano se faz presente nos diferentes ambientes do planeta. Pode voar, cruzar os mares, habitar o deserto e até regiões alagadas. Trata-se do maior “predador”, mesmo não sendo naturalmente o mais forte. Pode enfrentar mamíferos maiores que ele e tem condições de se defender de organismos que não podem ser vistos a olho nu. Pode comunicar ideias e experiências para as gerações que ainda não nasceram e ter contato com o pensamento daqueles que já não habitam o mundo dos vivos. Mas como isso se tornou possível?

O Mito
        O mito é um tipo de história ou estilo literário de difícil definição. O mito se caracteriza como uma explicação fundamental, uma narrativa, responsável pela disseminação de conhecimentos e valores. Por ser de natureza diversa da Filosofia e da Ciência, o mito não carece de validação e, desta forma, não pode ser questionado. Ele não tem um único autor, pois é construído e reconstruído socialmente, podendo apresentar mais de uma versão.
Se você quiser conhecer uma narrativa mitológica, que traz uma explicação sobre como o homem se sobressaiu aos demais animais, a partir do domínio do fogo, leia no seu Caderno do Aluno, 1ª Série, 2º Bimestre, o mito de Prometeu e Epimeteu, reproduzido na p. 81 e 82. Ou nesse endereço eletrônico:
Todas as culturas trazem narrativas (mitos) de criação, por exemplo, que procuram explicar a dimensão do homem como um ser ao mesmo tempo da natureza e da cultura. A importância das narrativas mitológicas está em compreendermos a cultura de diferentes povos e, assim, compreender as relações entre natureza e cultura.
As narrativas míticas trazem os fundamentos das religiões, dos saberes e da própria história; revelam o princípio, o germe da tradição e, dessa forma, a mantém. A tradição é mantida pelos mitos, além de repetir e atualizar a ação dos precursores. Dessa forma, o mito conta a história primeira que ensina aos homens como devem fazer para viver neste mundo de acordo com os saberes de fundação (Eliade, 1972, p. 13). A narrativa mítica busca revelar as origens de ações humanas ou da natureza, o que possibilita entender o sentido de certas práticas. Em geral, os mitos são transmitidos de geração a geração, e as suas narrativas de origem favorecem a coesão simbólica. A identidade étnica é reforçada à medida que os indivíduos compartilham as narrativas de criação e as práticas decorrentes destas. Assim, as narrativas míticas contribuem com elementos fundamentais para a constituição da cultura, e esta, por sua vez, é constituída por elementos que se relacionam de forma intrínseca com os mitos, tais como: conhecimentos, crenças, normas, valores e símbolos. (Para saber mais, leia a p. 83 e 84 do Caderno do Aluno).

A Cultura
        “Por que tendemos a forçar o outro a ver o mundo a partir do nosso olhar?” Se a cultura define um modo de se ver o mundo, então cada um vê o mundo através de sua cultura. Dessa forma, comportamentos, ideias e ações são avaliadas como boas ou ruins, corretas e erradas, bonitas ou feias, úteis ou inúteis, agradáveis ou desagradáveis, morais ou imorais, de acordo com a cultura de cada um. Assim, tendemos a considerar o modo de vida expresso pela nossa cultura como o mais “correto”. Mas o que acontece quando, seguindo este encadeamento de ideias, uma cultura se depara com outra? Nesse momento, é fundamental uma atitude de alteridade. Mas o que é alteridade?
Alteridade é reconhecer o diferente e respeitar aqueles que não vivem a vida como vivemos, que não pensam como pensamos e não querem o que nós queremos.
A alteridade opõe-se à ideia de etnocentrismo, que é quando consideramos a nossa cultura o centro, a mais importante, desprezando e inferiorizando todas as outras. A postura etnocêntrica não é a melhor maneira de nos relacionarmos com os que têm uma cultura diferente da nossa.

A Ciência
        Ciência só é ciência cercada pela margem da incerteza, da dúvida. Todo o tempo, a ciência põem em dúvida o já sabido. Ainda que acumulativo, o conhecimento científico é provisório e relativo, isto é, pode mudar. Refletir de forma crítica sobre a ciência é pensar sobre as características do conhecimento científico como verdade absoluta. Mas o que é o conhecimento científico?
É um conhecimento sistemático baseado em experimentos, métodos e teorias. A Filosofia da Ciência é uma reflexão sobre o processo de construção do saber científico, analisando seus métodos e princípios. A Filosofia da Ciência problematiza o conhecimento científico como infalível. Quando alguém fala que “está cientificamente provado”, ninguém questiona. Assim cria-se o “mito do cientificismo”, em que a ciência explica tudo, como se ela fosse dona de uma verdade absoluta e universal. Se está cientificamente provado, significa que não pode mudar no futuro? Não é bem assim.
Algumas teorias científicas serviam numa determinada época e foram falseadas ou superadas posteriormente, sendo aperfeiçoadas. A Filosofia da Ciência trata disso. A ciência produz uma verdade transitória, que pode se modificar e se reconstruir. Por exemplo: acreditava-se que só era possível encontrar vida dentro de uma determinada faixa de temperatura, até que foi encontrada uma bactéria que vivia numa temperatura bem abaixo do limite mínimo considerado até então. Portanto, aquele paradigma (referência) entrou em crise, e foi preciso construir outro.
A ciência não pode ser dogmática, senão ela vira uma religião. O dogma é uma verdade inquestionável. Portanto, a ciência não pode ser inquestionável, visto que está sempre mudando, se aperfeiçoando, se superando, deve estar aberta ao novo.

A Religião
            A religião tem como intenção aproximar o ser humano do Sagrado, re-ligar. Ela é universal, isso quer dizer que todos os povos e culturas têm suas religiões. A religião é diversa, pois não temos apenas uma religião, mas muitas maneiras diferentes de o ser humano se relacionar com o Sagrado. Ela também é sacralizadora, isto é, estabelece o que é sagrado e o que é profano. Profano não é negativo, mas aquilo que é comum, não-sagrado. Sagrado significa “separado”. Sacralizar é tirar do comum. Um símbolo, por exemplo, pode ser sagrado para uma religião e não para outra.
      A religião pode ser vista de um ponto de vista positivo ou negativo. Positivo quando é um elemento de integração, unidade entre as pessoas, conforto, regulação moral e intervenção em causas humanitárias; negativo quando é instrumento de dominação e formatação social. A ciência tem respostas a questões que a religião não possui. E o contrário também ocorre: a religião tem respostas para questões que a ciência não possui.

Para aprofundar, responda em seu caderno de Filosofia
1- Conforme o texto lido, resuma como é o tipo de conhecimento próprio da Filosofia.
2- É correto afirmar que a narrativa mitológica é uma mentira? Explique.
3- Explique por que a alteridade é uma atitude de empatia e respeito cultural.
4- Por que afirmar “está provado cientificamente”, pode ser perigoso?
5- O que significa dizer que a religião pode ter duas dimensões, uma positiva e outra negativa?

Referência Bibliográfica:
São Paulo Faz Escola. Caderno do Aluno. 1ª Série. Ensino Médio. 2º Bimestre. 2020. p. 81-89.

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