terça-feira, 17 de maio de 2016

O convite à vida autêntica




“Se optar pelo prazer do crescimento prepare-se para sofrer. Quer menos dor? Tudo bem! Vá. Faça parte da massa”. (Friedrich Nietzsche, do filme "Quando Nietzsche Chorou")

Nietzsche reflete sobre a autenticidade da vida que implica nadar contra a corrente. Somente assim, indo contra o fluxo da massa, contra seu tempo, que ele poderá encontrar a fonte: a si mesmo.
O convite à vida autêntica ou à existência legítima implica radical crítica à moral tradicional do senso comum, marcada pela predominância da alienação, da superficialidade ou da massificação cultural. Assumir-se como super-homem é deixar fluir a potencialidade humana que existe em cada um.
Assumir-se como impulso criador implica reconhecer o eterno movimento de volta sobre si e a permanente tarefa e desafio que é ser homem e humanizar-se.
Portanto, a condição humana é a condição de eterno aprendiz, de construção de si mesmo, a partir da espontaneidade criadora de si, em uma permanente busca de si na contramão da correnteza cultural.


(MEIER, Celito. Filosofia: por uma inteligência da complexidade)

quinta-feira, 12 de maio de 2016

O AGIR ÉTICO E A SAÍDA DA MENORIDADE

“A ponte é até onde vai meu pensamento”. A cultura do pensamento é a construção de pontes, de conexões, que não são feitas de concreto, ferro ou cimento, mas conexões elétricas e efêmeras como as sinapses, sempre em transição. Pensar é conectar. Pensar é construir pontes. Para utilizar uma expressão de Deleuze e Guattari, pensar por conceitos é uma atitude sintagmática, de estabelecer relações e conexões.

O AGIR ÉTICO E A SAÍDA DA MENORIDADE

“O Esclarecimento é a saída do homem da condição de menoridade autoimposta. Menoridade é a incapacidade de servir-se de seu entendimento sem a orientação de outro. Essa menoridade é autoimposta quando a causa da mesma reside na carência não do entendimento, mas de decisão e coragem em fazer uso de seu próprio entendimento sem orientação alheia. Sapere aude! Tenha coragem em servir-se de seu próprio entendimento! Esse é o mote do esclarecimento.

(KANT. Resposta à pergunta “que é Esclarecimento?”. In: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2017. p. 95.)

Em 1784, o filósofo alemão Immanuel Kant publicou em um jornal da cidade de Berlim, na Alemanha, um pequeno texto com o título “Resposta à pergunta: ‘que é esclarecimento? ’”. Nesse artigo, ele procurou responder a uma questão enviada por um leitor do jornal, que pedia uma explicação sobre esse conceito. E definiu Esclarecimento como a autonomia do indivíduo no uso da própria razão. Quando age de modo racional e autônomo, o indivíduo adquire maturidade, e só assim ele pode ser efetivamente livre.

A regra básica do Esclarecimento é o lema, em latim Sapere Aude! (Ouse saber!). A ousadia do conhecimento próprio e autônomo é a base para qualquer ação humana livre. É preciso saber governar-se a si mesmo, elaborar suas próprias regras, para que seja possível uma ação coletiva.

Um indivíduo autônomo, quando participante de uma coletividade, não se deixa governar e conduzir pela vontade do outro; ele se conduz pela própria vontade livre. Sendo livre em meio a outros indivíduos livres, pode construir uma comunidade livre, uma comunidade de iguais. Aí reside o Esclarecimento: em uma comunidade livre e autônoma, governada por uma vontade comum.

O processo de esclarecimento, segundo Kant, é a saída de uma condição de menoridade, na qual o indivíduo não é autônomo e é governado por outro, para uma condição de maioridade, do exercício da autonomia da razão.

GALLO, Sílvio. Filosofia: Experiência do Pensamento: Vol. Único. São Paulo: Scipione, 2013. p. 149.